
A Política de Privacidade da plataforma X em análise
Pesquisadores envolvidos: Greciely Cristina da Costa; Claudia Nociolini Rebechi; Luis Henrique Nascimento Gonçalves; Gilson Soares Raslan Filho e e Vania Cristina Pires Nogueira Valente
A inteligência artificial tem avançado rapidamente, especialmente com modelos de linguagem e IA generativa. Embora essas inovações tragam oportunidades, também apresentam riscos para a disseminação de informações, a saúde pública e a prestação de cuidados de saúde. Enfrentar esses desafios exige estratégias cuidadosas para profissionais, pacientes e formuladores de políticas. Este artigo, fruto da colaboração dos Grupos de Trabalho da WFPHA, reúne perspectivas de jovens profissionais de todo o mundo sobre o impacto da IA na saúde pública. Ele explora a desinformação, o papel da IA na saúde e conclui com cinco recomendações para lidar com a propagação de informações falsas, questões éticas e a necessidade de políticas adaptáveis em um cenário de informações em constante evolução.
Este artigo examina a palestra de um jornalista sobre o impacto das plataformas digitais em sua atuação. O objetivo é identificar adesão, questionamentos e resistência à plataformização do jornalismo. O evento, ocorrido em 2019, apresentou um projeto de distribuição de notícias criado por jornalistas periféricos de São Paulo, financiado pelo Google e pela Meta. A análise se baseia na relação entre plataformas e imprensa, considerando comunicação e trabalho. Utiliza referências da Ergologia e da Análise do Discurso para compreender as transformações do jornalismo e sua luta por autonomia.
Este artigo analisa o uso do ChatGPT na educação e produção acadêmica, destacando seus benefícios e implicações. Foram realizados testes práticos e uma revisão da literatura mais recente (2023). O ChatGPT pode ser aplicado no ensino, promovendo a autonomia dos alunos e auxiliando professores. Na medicina, favorece a tutoria; na odontologia, sugere-se atualização curricular para incluir IA. Há preocupações éticas sobre autoria e plágio na produção acadêmica. Testes confirmam que seu conteúdo não é referência acadêmica, mas útil para práticas educacionais, exigindo debate crítico sobre seu uso responsável.
Este artigo revisa a literatura acadêmica sobre infodemia, abordando sua dimensão político-econômica, científica, sociotécnica e psicossocial, além de sua relação com a realidade brasileira. A infodemia se manifesta como um excesso problemático de informações sobre saúde, impactando cuidados individuais e coletivos e refletindo conflitos do capitalismo neoliberal periférico. Diferentes abordagens para enfrentá-la, algumas opostas, divergem dos princípios do SUS e da reforma sanitária, especialmente na participação política dos afetados. Conclui-se que a infodemia exige pesquisa interdisciplinar para fortalecer essa participação.
Este artigo discute os impactos da datificação no trabalho dos profissionais de comunicação, considerando a reestruturação dos processos produtivos no contexto da plataformização. A análise se baseia na questão: como a datificação altera as condições sociais da produção e os discursos dos comunicadores? As reflexões apresentadas são preliminares e resultam de pesquisas coletivas conduzidas pelo Centro de Pesquisa em Comunicação e Trabalho, com apoio da Fapesp. O estudo busca compreender as transformações do setor e os desafios enfrentados pelos profissionais diante dessas novas dinâmicas. Conclui-se que a infodemia exige pesquisa interdisciplinar para fortalecer essa participação.
Este artigo discute o conceito de soberania, relacionando-o ao uso de recursos naturais, força de trabalho e dados da população brasileira. Esses elementos são centrais para o desenvolvimento da cadeia produtiva de tecnologias digitais e da Inteligência Artificial no país. A pesquisa baseia-se em fontes bibliográficas primárias e secundárias, articulando aspectos históricos, geopolíticos e laborais. Defende-se que a soberania só é viável quando ligada a essas dimensões. Diante da concentração global de poder, o Brasil enfrenta desafios regulatórios para proteger seus interesses e promover um desenvolvimento inclusivo.
Este artigo tem como objetivo definir os dados provenientes do trabalho de profissionais da comunicação que utilizam a internet e estão ligados a empresas de plataformas, especialmente as big techs. A questão central que orienta a análise é: como, por quem e com qual finalidade são coletados os dados de trabalhadores conectados à internet, que utilizam os serviços dessas plataformas digitais? A pesquisa em andamento, que embasa este estudo, está sendo realizada no Centro de Pesquisa em Comunicação e Trabalho, da Universidade de São Paulo.
O texto aborda os desafios enfrentados pelo jornalismo contemporâneo diante do controle exercido por grandes plataformas digitais, como Google e Meta, sobre a produção e circulação da informação. Discute-se a mercantilização do jornalismo, sua dependência das regras impostas por essas corporações e as estratégias de resistência adotadas por iniciativas independentes para preservar sua autonomia e relevância democrática.
O artigo analisa as transformações nos arranjos jornalísticos alternativos e independentes ao longo dos últimos dez anos, destacando como as dependências das ferramentas das big techs (Google e Meta) e de financiadores como fundações filantrópicas impactam a autonomia e a sustentabilidade desses meios. O estudo questiona o grau real de “alternatividade” e “independência” alcançado, dado o compromisso com essas fontes externas de apoio financeiro e tecnológico.
O artigo analisa as condições de trabalho e saúde dos jornalistas cearenses, explorando os impactos da plataformização no exercício da profissão. A pesquisa destaca as dificuldades enfrentadas pela categoria, como a precarização das relações de trabalho, os efeitos negativos para a saúde mental e as condições adversas impostas pela dependência de plataformas digitais para a produção jornalística.
Neste artigo, faz-se uma revisão crítica do conceito de mediação sob uma visada materialista e dialética com o propósito de tensionar as balizas teóricas sobre as quais se assentam a ideia de mediação nos estudos de comunicação brasileiros, advindas sobretudo de uma verve mais culturológica. Com este movimento, propõe-se a construção de uma agenda de pesquisa para os estudos de recepção, circulação e usos sociais das mídias que vise a compreensão das transformações sociotécnicas que incidem sobre a produção e consumo midiáticos, dentre as quais destaca-se o trabalho dos comunicadores mediado pelas plataformas digitais.
Cotejando os resultados de uma pesquisa pós-doutoral e os dados do Perfil do Jornalista Brasileiro 2021, este trabalho tem o objetivo de debater as condições de trabalho digital (Fuchs e Sandoval, 2014) de jornalistas do Ceará, com ênfase na saúde laboral dessa categoria profissional (Bulhões e Renault, 2016; Pontes e Lima, 2019). Os resultados apontam o rebaixamento das condições de saúde dos profissionais cearenses, expressa, por exemplo, pela piora da saúde mental dos jornalistas. Também são apontadas as peculiaridades das condições de saúde e bem-estar das mulheres jornalistas, a exemplo da ocorrência de assédios.
A partir de revisão bibliográfica que mostra como as palavras, a linguagem e o pensamento são mobilizados para constituir as relações sociais, pretende-se pontuar a relevância da análise do discurso para se compreender as relações de comunicação no mundo do trabalho. Com base na perspectiva da ontologia do ser social e a análise de discurso, são exibidos e interpretados enunciados de trabalhadores de três pesquisas recentes. Com perfis profissionais distintos, os estudos trazem em comum as dificuldades, as dicotomias e os desafios inerentes a cada uma das atividades de trabalho investigadas. No cerne das discussões estão questões como o viés neoliberal que influencia a esfera laboral, os efeitos da plataformização do trabalho, além do duplo caráter do trabalho enquanto elemento que confere reconhecimento ao ser humano e atribui valor de uso à atividade desenvolvida.
Todas as interações humano-computador (IHC) – teclar no WhatsApp, perguntar à Alexa, guiar-se pelo Waze – são registradas na forma de dados digitais para duas finalidades: (1) retroalimentação do sistema (aprimoramento ou reconhecimento das preferências do usuário); e (2) atuarem como ativos intangíveis para a produção de bens de capital (no caso, as IA). Autores de diferentes perspectivas têm chamado este processo de datificação (Van Dijck, 2017). Necessária, lucrativa e desregulada, a datificação permite que o modelo de negócios de aplicações de IA objetivem primordialmente a produção de dados de IHC e não a satisfação dos usuários (Zuboff, 2019). Então, como descrever essas tecnologias e as relações socioeconômicas que elas implicam? O “Projeto Datificação da atividade de comunicação e trabalho de arranjos de comunicadores” (CPCT/ECA-USP) busca compreender como esse processo ocorre no uso de ferramentas digitais de produção e veiculação de produtos de comunicação. Como esta datificação apreende o saber-fazer dos comunicadores e como ela condiciona suas atividades e seus produtos? Na etapa atual, buscamos identificar a realidade sociotécnica, psicossocial e político-econômica da cadeia global de produção e consumo de dados a qual a datificação do trabalho de comunicação está integrada, bem como as categorias teóricas capazes de representar esse fenômeno.
Discutimos o processo de datificação da interação humano-computador (IHC), com foco no trabalho dos comunicadores. Trata a datificação como processo produtivo que envolve diferentes níveis de coleta e tratamento de dados. As materialidades sensíveis são a tradução do que se transforma em dados. O conceito recobre os dados captados no ato do trabalho e toda a subjetividade de quem trabalha; as etapas, métodos e formas técnicas do processo produtivo; e seus produtos. Essa riqueza alimenta bancos de dados que compõem os bens de capital das poderosas empresas que monopolizam a infraestrutura de conexão à internet.
Nos últimos anos, a questão da diversidade tem sido incorporada à lógica do mundo do trabalho, tanto em relação aos processos produtivos, quanto em relação à representação, inclusive no trabalho plataformizado. Pressionadas por movimentos sociais que surgiram principalmente a partir de 2019, como o Black Lives Matter (após o assassinato de George Floyd), empresas estadunidenses passaram a incentivar e criar cargos de funções e iniciativas de liderança DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão) em grandes corporações. Tal fato levou as big techs, como Microsoft, Zoom, Google e Meta, a se comprometeram em investir em programas para garantir diversidade entre seus funcionários, duplicando o número de pessoas negras em cargos de liderança até 2025. Porém essa prática não se realizou, por conta de barreiras impostas pelas próprias organizações, pela dinâmica do trabalho no modo de produção capitalista (principalmente pelas demandas e critérios gerados pelo neoliberalismo), entre outros. Vale lembrar que os problemas estruturais da sociedade se fazem presentes e atravessam o mundo digital, tanto na dimensão simbólica, quanto na dimensão material. Fato é que, desde 2023, essas mesmas big techs começaram a extinguir as equipes de DEI, cortando programas de diversidade e demitindo equipes, reforçando uma tendência que ganha força dos Estados Unidos: o abandono da agenda ESG, movimento que também chegou ao Brasil. Diante dessas questões, a nossa proposta é apresentar uma pesquisa exploratória, ainda em fase inicial, que pretende discutir essa influência e os motivos da mudança em tão curto espaço de tempo: seria uma questão de soberania epistêmica, ou seja, a capacidade de um país imperialista de influenciar e exercer o controle sobre seu próprios processos epistêmicos em países colonizados, (Oliveira, 2024), com o objetivo de solapar as pautas identitárias, diminuindo assim as chances de ascensão de grupos minoritários ao poder? Além disso, esses cortes ocorrem à medida que a indústria de tecnologia aposta na inteligência artificial. Com menos vozes diversas representadas no desenvolvimento de IA, os produtos resultantes podem ser menos precisos ou mais prejudiciais aos usuários? Pretende-se, com esse estudo, contribuir para a disseminação de dados, conteúdo crítico e agendamentos sobre o tema diversidade étnico-racial no mundo do trabalho digital.
Entendida como processo que corresponde à transformação da ação social em dados on line quantificados e que permitem o monitoramento e análise preditiva, a datificação deve ser analisada em suas etapas para compreendermos como ela incide na atividade de trabalho. Neste artigo, procuramos iniciar esta reflexão para formularmos hipóteses e estratégias de observação no mundo do trabalho.
Este capítulo analisa a cidadania contemporânea na sociedade digital, enfocando como as tecnologias influenciam a participação cívica e a inclusão social. Os autores discutem os desafios e as oportunidades para a construção de uma cidadania ativa e acessível no contexto digital.
Neste capítulo, o autor explora como o capitalismo de plataformas utiliza seres humanos como mercadoria, analisando a exploração do trabalho digital nas plataformas online. Ele discute as implicações sociais e econômicas dessa prática, destacando as formas de dominação e controle no contexto da economia digital.
Este capítulo analisa o “problema dos três usuários” e suas implicações nas interações entre psicologia, inteligência artificial (IA) e economia política. O autor discute como diferentes atores (usuários, plataformas e algoritmos) moldam as dinâmicas sociais e econômicas, destacando as consequências psicológicas e políticas do uso da IA.
Neste capítulo, o autor explora como o capitalismo de plataformas utiliza seres humanos como mercadoria, analisando a exploração do trabalho digital nas plataformas online. Ele discute as implicações sociais e econômicas dessa prática, destacando as formas de dominação e controle no contexto da economia digital.
Este capítulo discute como a metáfora da “inteligência artificial” oculta o trabalho humano vivo envolvido nos processos tecnológicos, especialmente nas plataformas digitais. Os autores argumentam que essa metáfora desvia a atenção das condições de trabalho e das desigualdades sociais relacionadas à automação e à digitalização.
Este capítulo examina as condições de trabalho na economia de plataformas, focando no projeto Fairwork no Brasil e América Latina para avaliar a justiça e a dignidade do trabalho digital na região. A pesquisa destaca as desigualdades enfrentadas pelos trabalhadores e propõe estratégias para melhorar as práticas das plataformas, considerando o impacto das políticas digitais na soberania popular.
Este capítulo avalia as condições de trabalho na economia de plataformas, com foco nas disparidades e desafios enfrentados pelos trabalhadores em plataformas digitais. A pesquisa analisa as implicações sociais e políticas dessas plataformas, destacando questões de soberania popular, regulamentação e os impactos no mercado de trabalho.
Este capítulo analisa a equidade das plataformas digitais de trabalho no Brasil, utilizando dados do estudo Fairwork Brasil para avaliar as condições de trabalho em plataformas de economia gig. A pesquisa destaca a desigualdade e a falta de dignidade, justiça e cuidado nas relações de trabalho mediadas por essas plataformas, propondo melhorias nas políticas e práticas do setor.
Este capítulo discute a importância das competências em informação, mídia e digital para a construção do conhecimento, enfatizando a aprendizagem significativa. Os autores exploram como essas competências podem ser desenvolvidas e aplicadas no contexto da inteligência artificial, promovendo uma gestão mais eficiente da mídia e da tecnologia na sociedade contemporânea.
OS EMBATES COM AS DETERMINAÇÕES DAS EMPRESAS DE PLATAFORMAS
Este livreto traz um conjunto de informações, produzidas a partir de pesquisa documental e análise de dados, sobre as organizações Microsoft, Alphabet e Meta, especialmente suas plataformas e subsidiárias. Elas foram selecionadas por serem consideradas as que mais datificam o trabalho de comunicadores. Chegou-se a essa conclusão após levantamento de informações das mais variadas plataformas de comunicação e trabalho e inúmeros debates e discussões entre os pesquisadores.
O texto analisa a relação entre comunicação, trabalho e transformações tecnológicas no capitalismo atual. Destaca como a digitalização e a hegemonia das plataformas alteram a organização do trabalho, intensificando a exploração e a coleta de dados. A comunicação é essencial nesse modelo, pois estrutura a gestão algorítmica do trabalho. A precarização das condições dos comunicadores e a dissolução de fronteiras entre áreas profissionais geram desafios para a formação acadêmica. Diante disso, é fundamental fortalecer a soberania informacional, regulando as plataformas e promovendo alternativas que valorizem o conhecimento e os direitos dos trabalhadores.
O texto analisa o jornalismo como uma profissão marcada por diversos combates, desde a defesa da liberdade de imprensa e da independência profissional até a luta contra a desinformação e a precarização do trabalho. Além disso, discute as tensões entre o engajamento dos jornalistas em causas sociais e políticas e a busca pela objetividade, destacando os desafios contemporâneos da profissão.